Quando se trata de evangelizar, quais os caminhos?
Fonte
da Notícia: Redação A12
Data: 25/05/2015
Postada às: 16:52:44
horas.
Nas últimas décadas parece que no âmbito das
relações familiares, afetivas, educativas, comunitárias, vemo-nos mais envoltos
por perguntas e menos seguros de respostas. Os pais indagam, quando o assunto é
educação dos seus filhos, o que devo fazer? Os professores, nas escolas,
parecem repetir que não conseguem manter atentos os alunos; na compreensão do
que significa viver as responsabilidades familiares, com facilidade se ouve que
cada um é para “seguir seu coração…”. E quando se trata de evangelizar, quais
os caminhos? Parece que a perplexidade nos deixa sem muitas palavras.
Já houve épocas de mudanças na nossa
história. O desenvolvimento racional e científico ofereceu muitos e novos
passos na capacidade humana de domínio das situações e desafios. Mas os valores
culturais e éticos se mantinham. Tratava-se de época de mudança. Mas o que hoje
vemos, e participamos, é uma mudança de época. A expressão já se tornou “quase
velha”, mas as mudanças não terminaram. E os valores são outros, os hábitos já
não são os mesmos. Quando se fala de família, já não é mais o mesmo do que nos
referíamos há alguns anos. A palavra “amizade” também está a receber novas
significações. Nas “novas amizades” os vínculos interpessoais são muito mais
tênues. Em tempos de grandes consumos e elevados subjetivismos, falar de
renúncia, despojamento, gratuidade, então…!!!
Como evangelizar em quadros nos quais parecem
prevalecer o efêmero e o transitório? As referências se vão e os líderes
escasseiam. E, com tanta ciência, seria de esperar menos contradições e mais
felicidade. Porém não perece que seja assim. Os evangelizadores e a
evangelização também se veem “sem certezas”. As seguranças perderam forças.
Limitar-nos ao que fazíamos já não nos assegura os resultados, nem expressões
novas de criatividade evangelizadora. Chegou a hora de buscar redescobertas em
nós mesmos. Talvez estejamos mesmo precisando de novos desafios para que
superemos autossuficiências e nos ponhamos na condição de evangelizadores
humildes e orantes. Provavelmente precisamos redescobrir que evangelizar não é
apenas um modo de fazer; é muito mais um modo de ser.
Todavia, encontrei na Arquidiocese de
Curitiba uma bela iniciativa em termos evangelizadores. Aliás, para evangelizar
não se trata de “inventar novidades”. Antes, é preciso retomar certas
experiências originárias do cristianismo. É preciso redescobrir a alegria do
encontro pessoal com o Senhor Jesus. Não falo de sentimentos, não falo de
euforias, nem propagandas sobre Jesus. Mas em alguns encontros de formação para
missionários, dos quais participei para falar dos fundamentos bíblicos da
missão, vi alguns retornarem radiantes porque “experimentaram-se”
evangelizadores. E foram muito bem recebidos nas casas em que estiveram. Há um
povo sedento em Curitiba.
Dom José Antônio Peruzzo
Arcebispo
de Curitiba
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